No programa de hoje Joel Cleto fala-nos sobre Miranda de Douro, da Língua mirandesa, da Lenda do Menino Jesus da Cartolinha, da Igreja de Miranda do Douro, do Museu da Terra de Miranda, do Parque Natural do Douro Internacional, dos Pauliteiros de Miranda e, claro, da Posta Mirandesa.
Miranda do Douro.
Miranda do Douro (em mirandês Miranda de l Douro) é uma cidade portuguesa, pertencente ao Distrito de Bragança, Região Norte e sub-região do Alto Trás-os-Montes, Terra de Miranda, com cerca de 2 200 habitantes.
É sede de um município com 487,18 km² de área1 e 7 482 habitantes (20112 ), subdividido em 13 freguesias.3 O município é limitado a nordeste e sueste pela Espanha, a sudoeste pelo município de Mogadouro e a noroeste por Vimioso. Nesta região, além do português, fala-se a sua própria língua, o mirandês. |
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Língua mirandesa
O mirandês tem três subdialetos (central ou normal, setentrional ou raiano, meridional ou sendinês); os seus falantes são em maior parte bilíngues ou trilíngues, pois falam o mirandês e o português, e por vezes o castelhano.
Os textos recolhidos em mirandês mostram a envolvência de traços fonéticos, sintácticos ou vocabulares das diferentes línguas; o português é mais cantado pelos mirandeses, porque é considerado língua culta, fidalga, importante.
L Nino Jasus de la Cartolica (O Menino Jesus da Cartolinha)
A catedral de Miranda do Douro guarda, entre os seus vários tesouros e relíquias, uma antiga, curiosa e famosa imagem que atrai devotos de ambos os lados da fronteira: o Menino Jesus da Cartolinha. Célebre pelo chapéu que ostenta, esta escultura datada dos finais do século XVII ou do início do século XVIII, é também conhecida pelas oferendas que lhe são feitas: fatinhos, roupas, sapatos e outros adereços de vestuário. De fatos fidalgos, a roupas de bebé, passando por fardas militares, fraques de noivo, trajes universitários ou folclóricos, é muito vasto o guarda-roupa do Menino Jesus de Miranda do Douro. Uma verdadeira “Barbie” (neste caso Ken) devocional.
E como teve origem esta tradição?
Conta a lenda (ou, pelo menos, uma das versões da lenda) que tudo terá começado durante um dos muitos episódios de cerco e guerra a que Miranda do Douro se viu sujeita ao longo da sua existência. Algumas versões mais “historicizantes” pretendem mesmo que o acontecimento que seguidamente narramos terá ocorrido por volta de 1711, quando Miranda foi invadida pelo exército castelhano durante vários meses.
Estava pois a cidade invadida, saqueada e sem qualquer esperança de socorro ou salvação, já que dos prometidos reforços não se vislumbrara qualquer efectivo, quando surgiu no alto das muralhas uma criança, vestida de fidalgo cavaleiro, gritando e apelando aos mirandeses que pegassem nas armas e lutassem contra os invasores. Foi tal o apelo e o ânimo que, saindo os habitantes das suas casas com as mais improvisadas armas, nomeadamente instrumentos agrícolas, conseguiram o milagroso feito de expulsar os invasores.
No momento de celebrar a vitória constataram, contudo, que da criança que os motivara para a luta e que, em plena batalha, surgira em vários sítios, não havia o mínimo sinal. Compreenderam então que o seu feito se ficara a dever a uma intervenção divina e, por esse motivo, mandaram esculpir uma imagem de um Menino Jesus vestido à fidalgo da época e colocaram-no num altar em plena catedral de Miranda. Durante os anos seguintes, e como forma de agradecimento, eram vestidos novos fatos fidalgos à imagem, nascendo assim a tradição, que posteriormente se alargaria a outras “formas, feitios e tecidos”, de lhe oferecer vestuário.
Outras versões procuram detectar, na lenda, um misterioso amor proibido ou frustrado de uma fidalga, ou mesmo religiosa, que vestiria a imagem da forma como idealizava o seu secreto noivo: de fidalgo cavaleiro.
Esta versão, embora tropece no facto de em Miranda nunca ter existido qualquer convento feminino, possui a seu favor o facto deste Menino não ser, de facto, um bebé ou uma criança, representando antes um jovem cL nuosso “menino”. O nosso menino - é assim que, em mirandês (a segunda língua oficial de Portugal), os locais designam carinhosamente o Menino Jesus da Cartolinha. Imagem envolta em mistério, lenda e devoção, a doação de “fatinhos” fidalgos a este “nino Jasus”, guardado na Sé de Miranda do Douro, já era famosa e largamente documentada nos inícios do século XVIII. Contudo, foi só há cerca de cem anos que ele ganhou o seu mais famoso adereço: a “cartolica”. Uma cartolinha famosa que permite algumas interessantes interpretações sociológicas e históricas, como o da vitória da burguesia comercial e industrial sobre a aristocracia nobiliárquica.
Igreja de Miranda do Douro
A construção da igreja teve início em 1552, tendo sido concluída na última década do século XVI. O projecto foi feito por Gonçalo de Torralva e de Miguel de Arruda. Em 1566 o bispo D. António Pinheiro consagrou o altar-mor e em1609, D. Diogo de Sousa informa o Papa que a construção fora concluída.
A catedral é o maior templo religioso da região de Trás-os-Montes, sendo classificada como "Monumento Nacional de Portugal" pelo decreto n.º 136 de 23 de junho de 1910.2
Parque Natural do Douro Internacional
Museu da Terra de Miranda
O museu está instalado no edifício seiscentista da antiga Câmara municipal, é sobre a tutela do Instituto dos Museus e da Conservação.
História
O Museu da Terra de Miranda foi fundado em 1982 pelo Padre António Mourinho. Está situado no centro histórico da cidade de Miranda do Douro, na Praça D. João III, na antiga Domus Municipalis, edifício monumental do século XVII que serviu de Câmara e Cadeia Municipal até à década de 1970. No seu interior está exposto um acervo museológico variado que nos transmite o que foi, e ainda hoje é, a vida rústica e a cultura dos povos da Terra de Miranda, desde os tempos pré-históricos aos nossos dias.
Colecções e Patrimónios
O Museu expõe colecções de carácter cultural, etnográfico e artístico desta região; recolhe uma amostra da vida dos povos da Terra de Miranda, mas toda a região é um Museu vivo, de características únicas e cultura própria, bem expressas na língua da nossa gente (o mirandês), nas danças e na música, no teatro e na religiosidade popular, na gastronomia, nas formas de economia e na maneira de ser deste povo que vive do campo e da pecuária.
O museu propõe de maneira permanente una etnografia da Terra de Miranda, colecções de trajes mirandeses e instrumentos usados na sua produção, alfaias agrícolas e máscaras.
Classificado pelo Decreto-Lei nº 8/98, de 11 de Maio.
Fauna
Pauliteiros de Miranda
Pauliteiros são os praticantes da dança guerreira característica das Terras de Miranda, chamada dedança dos paus, representativa de momentos históricos locais acompanhada com os sons da gaita-de-foles, caixa e bombo e tem ainda a particularidade de ser dançada por oito homens (mais recentemente também dançada por mulheres) que vestem saia bordada e camisa de linho , um colete de pardo, botas de cabedal, meias de lã e chapéu que pode estar enfeitado com flores e finalmente por dois paus (palos) com os quais estes dançadores fazem uma série de diferentes passos e movimentos coordenados.
O reportório musical da dança dos paus chama-se lhaços, e é constituído pela música, texto e coreografia.
Posta Mirandesa
Desta forma e sem saber muito bem a preciosidade que serviam, os taberneiros das feiras de gado enchiam o estômago a quem apreciava a boa carne mirandesa.
Por pessoa recomenda-se uma Posta Mirandesa (DOP) de 300 gramas, acompanhada de batata com casca. (www.mirandesa.pt)
A alimentação dos animais é determinante na qualidade da carne. Os vitelos são alimentados exclusivamente à base de produtos naturais, como leite materno, suplementos com cereais, pastagens e forragens produzidos na própria exploração, sem utilização de fertilizantes químicos. Não é permitido utilizar anabolizantes ou qualquer outro tipo de promotores artificiais de crescimento. Só é certificada e posta ao dispor dos consumidores carne que obedeça aos padrões de qualidade exigidos.