Biografia
Sua ama de leite foi Urraca Peres e suo aio Garcia Fernandes de Villamayor, mordomo-mor da rainha Berengária de Castela e esposo de Mor Arias da linhagem galego dos Limia. O infante cresceu com seus aios em Villaldemiro e em Celada del Camino[b] e também passou parte de sua infância nas propriedades de seus cuidadores em Allariz onde aprendiou galaico-português que anos depois utilizou para escrever as Cantigas de Santa Maria.4 3
Ainda infante, seu pai lhe participou na tomada de várias praças andaluzes, entre as quais Múrcia, Alicante e Cádis, na reconquista durante o reinado do seu pai, Fernando, o Santo.5
Em finais de 1246, o infante Afonso apoiou a causa do rei Sancho II contra o seu irmão, o conde de Bolonha com um exército que integrava a vários nobres dos reinos de Leão e Castela. Embora, "o infante castelhano, apercebendo-se das dificuldades da empresa ou porque o pai o pressionava para o assédio a Sevilha [...] Em Março convencera já o rei português a acompanhá-lo a Castela."5
Porém, enquanto rei, teve que renunciar à posse do Reino do Algarve (pelo Tratado de Badajoz de 1267), bem como às suas aspirações sobre o reino de Navarra. Em 1260 conquistou e incendiou Rabat.
Na política interna, teve que fazer frente a rebeliões, das quais se destacam a dos mudéjares (mouros em territórios controlados pelos cristãos) em 1264 e o problema sucessório nos últimos anos do seu reinado. Casado desde 1249 com Violante de Aragão, filha de Jaime I, o Conquistador, o monarca teve no entanto vários filhos ilegítimos.
O seu primogénito legítimo, e herdeiro do trono, Fernando de La Cerda, morreu em 1275. Afonso X passou a defender os direitos sucessórios do seu neto primogénito de Fernando, Afonso de Lacerda, mas Sancho IV, seu segundo filho e irmão de Fernando, reclamou a sucessão para si, recebendo poderosos apoios à sua causa. Afonso X só conservou a fidelidade de Múrcia e Sevilha, cidade em que viveu durante os seus últimos meses, bastante isolado e secundado apenas por um pequeno número dos seus antigos colaboradores. Apesar de ter deserdado o seu filho Sancho por decreto a 8 de Novembro de 1282, este viria a ser coroado após a sua morte.
Durante o seu reinado, Afonso impulsionou a economia, destacando-se em 1273 a criação da Mesta, instituição de representação dos pastores e criadores de gado. Em Leão e Castela desta época, esta actividade tinha mais importância económica do que a agricultura. Fomentou a repopulação de terras conquistadas aos muçulmanos, nomeadamente no Reino de Múrcia e na Baixa Andaluzia. Fundou a Villa Real, que posteriormente passaria a ser Ciudad Real, em uma zona controlada pelas ordens militares. Mas essencialmente foi um legislador. Compôs (em castelhano) as obras legislativas Fuero Real de Castela e o código dasSiete Partidas, para além de obras sobre a história da Espanha (Primeira Crónica Geral de Espanha) e história universal (Grande e General Estoria ou General Estoria).
Tendo investido grande esforço e dinheiro,em vão, na obtenção da coroa do Sacro Império Romano-Germânico
O Sábio faleceu em Sevilha, a 4 de Abril de 1284, com 63 anos. Foi enterrado na Catedral de Sevilha e seu coração em Múrcia.
Contribuições para a cultura
No entanto, através de académicos judeus, também patrocinou uma tradução do Talmud. Mas depois da revolta liderada por D. Sancho, perseguiu a comunidade judaica de Toledo, aprisionando-os nas suas sinagogas e demolindo as suas casas.6A famosa escola de tradutores de Toledo juntou um grupo de estudiosos cristãos, judeus e muçulmanos. Foi principalmente nesta que se realizou o importantíssimo trabalho de traduzir para as línguas ocidentais os textos da antiguidade clássica, entretanto desenvolvidos pelos cientistas islâmicos. Estas obras foram as principais responsáveis pelo renascimento científico de toda a Europa medieval, que forneceria inclusivamente os conhecimentos necessários para o subsequente período dos descobrimentos. A verdadeira revolução cultural que impulsionou foi qualificada de renascimento do século XIII. Mas a obra que mais foi divulgada e traduzida no reinado deste intelectual foi a Bíblia.
Afonso foi também mecenas generoso do movimento trovadoresco, e ele próprio um dos maiores trovadorese poetas de língua galaico-portuguesa (a língua mais usada na lírica ibérica do século XIII), tendo chegado até nós 44 cantigas suas, de amor e principalmente de escárnio e maldizer. A sua obra mais reconhecida é as Cantigas de Santa Maria, cancioneiro sacro sobre os prodígios da Virgem Santíssima, num total de 430 composições, musicadas.
Outras obras com o seu contributo são o Lapidario, um tratado sobre as propriedades das pedras em relação com a astronomia e o Libro de los juegos, sobre temas lúdicos (xadrez, dados e tabelas - uma família de jogos a que pertence o gamão), praticados pela nobreza da época.Também colaborou no El Libro del Saber de Astronomia, obra baseada no sistema ptolomaico. Esta obra teve a participação de vários cientistas que o rei congregara, e aos quais proporcionava meios de estudo e investigação, tendo mesmo mandado instalar um observatório astronómico em Toledo. Compõs as tabelas afonsinas sobre as posições astronómicas dos planetas, baseadas nos cálculos de cientistas árabes. Como tributo à sua influência para o conhecimento da astronomia, o seu nome foi atribuído à cratera lunar Alfonsus.
Casamentos e descendência
Com Maria Afonso de Leão, su tía, filha ilegítima do rei Afonso IX de Leão e de Teresa Gil de Soverosa e viúva Álvaro Fernandes de Lara,8 9 teve a:
- Berengária Afonso (n. c. 1241). Contraiu matrimónio com Pedro Nunes de Gusmão, embora morreu jovem sem descendência.9
- Alfonso Fernandes "o Niño" (1242–1281), senhor de Molina e Mesa pelo seu casamento com Branca Afonso de Molina, filha de Afonso de Molina e Mahalda Gonçalves de Lara, de quem teve dois filias. Foi umos dos colaboradores mais fiéis de seu pai.11
- Beatriz de Castela,[d] (1242-1303) casada com o rei Afonso III de Portugal em 1253 e mãe do rei D. Dinis de Portugal.
- Berengária de Castela (Sevilha, 10 de Outubro de 1253–depois de 1284)15 , senhora de Guadalajara, foi noiva de Luís Capeto, filho e herdeiro de Luís IX de França, mas com a morte deste em 1260 entrou no convento de Las Huelgas.
- Beatriz de Castela, marquesa de Montferrat, (Burgos, entre Novembro e Dezembro de 1254–1280)casou-se em agosto de 1271 com Guilherme VII deMontferrato.15 Eles eram os pais da imperatriz-consorte bizantina Irene de Montferrat, casada com Andrônico II Paleólogo
- Fernando de La Cerda (Valladolid, 23 de Outubro de 1255–Villa Real, 25 de Julho de 1275),15 casou-se com Branca de França, filha de Luís IX de França, da qual nasceram Fernando e Afonso, os infantes de la Cerda
- Leonor de Castela (Agosto 1256/1257–Montpellier, 1275, donzella.16
- Sancho IV (Valladolid, 12 de Maio de 1258–Toledo, 25 de abril de 1295), casou-se com Maria de Molina em Junho de 1284, e foi o sucessor de Afonso X
- Constança de Castela (1259–23 de Julho de 1280), freira no Mosteiro de Las Huelgas
- Pedro (Sevilha, 1260–Ledesma, 20 de outubro de 1283), senhor de Ledesma, Alba de Tormes, Salvatierra e Miranda, esposo de Margarita de Narbona, pai de Sancho "el de la Paz".17
- João de Castela (1262–25 de Junho de 1319), senhor de Valencia de Campos, Oropesa, Ponferrada, Castroverde e outros lugares. Casou-se duas vezes: a primeira vez com Margarita de Montferrat e a segunda com Maria Diaz de Haro, senhora de Biscaia, filha de Lope Diaz de Haro e de Joana Afonso de Molina. Com descendência de ambos casamentos.18
- Isabel de Castela (n. 1263/1264) morreu jovem19
- Violante de Castela (1265–12 de Março de 1287/30 Janeiro 1308), casou-se com Diego Lopes de Haro, senhor da Biscaia19
- Jaime de Castela (1266–Orgaz, 9 de Agosto de 1284), senhor de Os Cameros, sem descendência.19
- Martim Afonso, abad em Valladolid, mencionado no codicilio do rei Afonso.
- Urraca Afonso de Castela, também mencionada no codicilio onde seu pai encarrega sua filha, a rainha Beatriz a misião de casar-lha.[e]
Cantiga 100 de Santa Maria - Santa Maria Strela do Dia
Letra
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Santa Maria,
Strela do dia, mostra-nos via pera Deus e nos guia. Ca veer faze-los errados que perder foran per pecados entender de que mui culpados son; mais per ti son perdõados da ousadia que lles fazia fazer folia mais que non deveria. Santa Maria... Amostrar-nos deves carreira por gãar en toda maneira a sen par luz e verdadeira que tu dar-nos podes senlleira; ca Deus a ti a outorgaria e a querria por ti dar e daria. Santa Maria... Guiar ben nos pod' o teu siso mais ca ren pera Parayso u Deus ten senpre goy' e riso pora quen en el creer quiso; e prazer-m-ia se te prazia que foss' a mia alm' en tal compannia. Santa Maria... |
Discografia
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