Texto e imagens: Wikipédia, a enciclopédia livre
Vídeo: Câmara Municipal de Miranda do Douro
Asturo-leonês
O asturo-leonês ou ásture-leonês é um grupo de línguas românicas faladas em parte do Noroeste da península Ibérica.
Em Espanha, o grupo linguístico asturo-leonês está presente em:
|
Língua asturiana
É circunscrita ao principado de Astúrias, excepto a parte mais ocidental onde se fala galego, e a parte ocidental de Cantábria. Pertence ao grupo linguístico asturo-leonês. No século X o centro da Reconquista se deslocou das Astúrias para Leão e à medida que a reconquista se deslocava para o sul o asturiano se distanciava da língua da corte, o leonês, que alcançou alto grado de codificação.[1] O ramo mais meridional do asturiano-leonês é o extremenho (castúo). Na literatura filológica fala-se do asturiano como dialecto do leonês.[2] [3] [4]
Dialetos
- Asturiano ocidental, asturiano central (bable), asturiano oriental.
Comparação dialectal
Ocidental
Pai nuesu que tás en cielu, sentificáu seya´l tou nome. Amiye´l tou reinu, fáigase la túa voluntá lu mesmu na tierra comu´n cielu. El nuesu pan de tolus días dánuslu guoi ya perdónamus las nuesas ofensas lu mesmu que nós facemus conus que mus faltoren. Ya nun mus deixes cayere na tentación ya llíbramus del mal. Amén.
Central
Padre nuesu que tas en cielu, santificáu seya'l to nome. Amiye'l to reinu, fáigase la to voluntá lo mesmo na tierra qu'en cielu. El nuesu pan de tolos díes dánoslo güei y perdónamos les nueses ofenses lo mesmo que nós facemos colos que mos faltaren. Y nun mos dexes cayer na tentación, y llíbramos del mal. Amén.
Oriental
Padre nuestru que tas en cielu, santificáu seya´l tu nome. Amiye´l tu reinu, h.ágase la tu voluntá lu mesmu ena tierra qu´en cielu. El nuestru pan de tolus días dánuslu güei y perdónanus las nuestras tentaciones lu mesmu que nosotros h.acemus colus que nus faltaren. Y nun nus dexes cayer ena tentación, y líbranus del mal. Amén.
Plurilinguismo
Alfabetização
Referências
- Morala, R. (2004): Norma y usos gráficos en la documentacion leonesa. In: Aemilianese I, S. 405-429.
- Marcos, Ángel/Serra, Pedro (1999): Historia de la literatura portuguesa. Salamanca: Luso-Española. Pag. 9
- Menéndez Pidal, Ramón (1906): El dialecto leonés
- Krüger, Fritz (2006): Estudio fonético-histórico de los dialectos españoles occidentales. Zamora: CSIC/Diputación de Zamora. Pag. 13
Língua leonesa
Os dialetos leonês e asturiano são desde há muito reconhecidos como constituintes de um único diassistema linguístico, chamado atualmente de ásture-leonês pela maior parte dos estudiosos mas denominada anteriormente como leonês. Durante a maior parte do século XX, linguistas como Ramón Menéndez Pidal (no seu estudo "Sobre el dialecto leonés" [12] ) referiam-se ao leonês como uma língua ou dialeto histórico descendente do latim, abrangendo dois grupos: por um lado, os dialetos asturianos e, por outro, certos dialetos falados nas províncias de Leão e Samora em Espanha, juntamente com um dialeto relacionado, em Trás-os-Montes [9] [13] [14] .
O leonês carece de normas ortográficas reguladas oficialmente. Várias associações propuseram uma norma própria para o dialeto, diferenciada das já existentes no domínio linguístico ásture-leonês (como o asturiano, regulado pela Academia de la Llingua Asturiana, ou o Anstituto de la Lhéngua Mirandesa, que regula o mirandês), enquanto que outras associações e escritores propõem seguir as normas ortográficas da Academia de la Llingua Asturiana.
Topónimos e outro vocabulário relacionado com a linguagem ásture-leonesa mostram que os seus traços linguísticos possuíram uma maior extensão geográfica no passado, incluindo partes das províncias de Leão, Samora e Salamanca, Cantábria, Estremadura e até a província de Huelva, em grande parte devido à expansão do Reino de Leão no território peninsular. Derivado do latim, foi sendo implantado como a língua usada tanto a nível público como a nível privado nos territórios do Reino de Leão até que foi sendo progressivamente substituída pelo espanhol [15] , ficando praticamente reduzida ao uso oral após a união dos reinos de Leão e de Castela, onde a língua castelhana adquiriu um papel predominante.
Após vários séculos relegada a um segundo plano, no século XIX iniciou-se a sua recuperação, consolidada ao longo do século XX com autores como Eva González Fernández e especialmente nos primeiros anos do século XXI com uma nova geração de escritores aos que se juntam diversos estudos sociolinguísticos, em simultâneo com várias associações culturais e instituições (sendo reconhecida no Estatuto de Autonomia de Castela e Leão) que promovem o seu uso e difusão[16] .
A UNESCO catalogou o diassistema ásture-leonês como estando em perigo de extinção e recomenda a sua preservação [17] .
Território e falantes
Por ser uma língua falada por um grupo restrito, o Leonês é falado apenas no norte e oeste da província de Leão e entre gente da Serra de La Cabreira; já se encontra perto de ser extinto em Zamora. Em face disso, o Conselho Leonês, de Zamora, de Coyaza, de Mansiella de las Mulas ou La Bañeza fazem campanhas, em favor da sua não-extinção, ensinando o Leonês para a população mais jovem e, também, lutam na tentativa de conseguir aceitação desta linguagem entre a população urbana.
Essas campanhas têm obtido resultados satisfatórios. Houve um aumento do número de jovens que tem do Leonês se utilizado, ao menos na escrita. A comunidade que vive em território Leonês e vários partidos políticos têm lutado para criar uma comunidade autônoma leonesa, à margem da comunidade de Castela e Leão, que obteve autonomia em 1983. |
A língua leonesa e outras línguas romances
Leonês |
Português |
Galego |
Francês |
Italiano |
Vêneto |
Castelhano |
Catalão |
Latim |
facere |
fazer |
facer |
faire |
fare |
fare |
hacer |
fer |
facere |
fiyu |
filho |
fillo |
fils |
figlio |
fiolo |
hijo |
fill |
filius |
fame |
fome |
fame |
faim |
fame |
fame |
hambre |
fam |
fames |
gochu |
porco |
porco, |
cochon |
maiale |
porselo |
cerdo, puerco |
porc |
sus |
vieyu |
velho |
vello |
vieux |
vecchio |
vecio |
viejo |
vell |
vetus |
chovere |
chover |
chover |
pleuvoir |
piovere |
piòvare |
llover |
ploure |
pluere |
Referências
-
A língua leonesa é conhecida como:
- Llïonés (com trema) Denominação politizada. É utilizado pelas administrações públicas de Leão, em especial, as atividades promovidas pelo Departamento de Cultura da Cidade de Leão, as associações culturais "El Fueyu", "El Toralín" e "La Barda" (todos eles, do Conselho e associações presididos por membros da comunidade política "Conceyu xoven" ou ligados a ele), e alguns grupos e empresas. Grupos próximo da ideologia política de "Conceyu xoven" consideram o leonês e o asturiano, embora pertençam ao mesmo domínio linguístico, como duas línguas distintas.
- Llionés ou asturllionés: É usado por um número de grupos culturais, embora não pelas associações políticas ("Furmientu", "La Caleya", "Facendera pola Llengua", "Faceira", "El Teixu"...) e escritores (Eva Gonzalez, Roberto González-Quevedo, Hector Xil, Xosepe Vega ...) que fazem uso de regras ortográficas da Academia da Língua Asturiana, e que portanto (ortografia entre outros recursos) não usam o trema no ditongo. Este grupo acredita que leonês, asturiano e mirandês são nomes que, mesmo com suas peculiaridades dialectais, referem-se a mesma língua: o asturleonês, tal como é usado pela Real Academia de Línguas espanhola.
- Lleonés: Segundo o dicionário da Academia de la Lengua Asturiana.
- La Crónica de León (2009). "Encuentro de literatura asturleonesa" (em español). Consultado em 17 de noviembre.
- Diario de León (2010). "Viaje a donde sí se habla leonés (I)" (em espanhol). Consultado em 16 de febrero.
- Diario de León (2010). "La tierra del tseite, el tsinu y la tsana" (em ásture-leonês). Consultado em 22 de marzo.
- Roberto González-Quevedo (2010). "El l.lobu" (em ásture-leonês). Consultado em 8 de marzo.
- Este domínio linguístico abarca as Astúrias, Leão, Samora e Miranda do Douro. Atualmente restam rasgos linguísticos na toponímia e vocabulário Cântabro e nas províncias Salamanca, Estremadura e Huelva, em grande parte devido à expansão do Reino de Leão no território peninsular.
- Seco Orosa, Ana. (2001). "Determinación de la frontera lingüística entre el gallego y el leonés en las provincias de León y Zamora" (18). ISSN 0212-999X, p. 73-102.
- Bautista, Alberto. (2006). "Linguas en contacto na bisbarra do Bierzo" (6). ISSN 1616-413X, p. 15-22.
- Krüger, Fritz (2006): Estudio fonético-histórico de los dialectos españoles occidentales. Zamora: CSIC/Diputación de Zamora. p. 13
- González Riaño, Xosé Antón; García Arias, Xosé Lluis. (2008). "Estudiu Sociollingüísticu De Lleón: Identidá, conciencia d'usu y actitúes llingüístiques de la población lleonesa.". Academia de la Llingua Asturiana. ISBN 978-84-8168-448-3, p. 15-22.
- García Gil, Héctor (2008). Asturian-Leonese: linguistic, sociolinguistic, and legal aspects. Working Papers. Mercator Legislation, Dret i legislació lingüístics. (Barcelona: CIEMEN). p. 25. ISBN ISBN 978-84-8168-394-3. Verifique |isbn= (Ajuda).
- García Gil 2009, p. 10.
- Marcos, Ángel/Serra, Pedro (1999): Historia de la literatura portuguesa. Salamanca: Luso-Española. p. 9
- Menéndez Pidal, Ramón (1906): El dialecto leonés
- José Ramón Morala (2009). "Norma y usos gráficos en la documentación leonesa. En Aemilianese I, S. 405-429 (2004)" (PDF) (em español). pp. 509 y 427. Consultado em 17 de noviembre.
- Junta de Castilla y León (2009). "Estatuto de Autonomía de Castilla y León, Art. 5/2" (em español). Consultado em 20 de noviembre.
- UNESCO (2009). "Atlas Interactivo UNESCO de las Lenguas en Peligro en el Mundo" (em español). Consultado em 26 de noviembre.
Bibliografia
- Menéndez Pidal, R.: "El dialecto Leonés". Revista de Archivos, Bibliotecas y Museos, 14. 1906.
- García Gil, Hector (2010). «El asturiano-leonés: aspectos lingüísticos, sociolingüísticos y legislación». Working Papers Collection. Mercator Legislation, Dret i legislació lingüístics. (25). ISSN 2013-102X.
- Academia de la Lengua Asturiana«Normes ortográfiques». 2005. ISBN 978-84-8168-394-3.
- García Arias, Xosé Lluis (2003). Gramática histórica de la lengua asturiana: Fonética, fonología e introducción a la morfosintaxis histórica. Academia de la Llingua Asturiana. ISBN 978-84-8168-341-7.
- González Riaño, Xosé Antón; García Arias, Xosé Lluis (2008). II Estudiu sociollingüísticu de Lleón (Identidá, conciencia d'usu y actitúes llingüístiques de la población lleonesa). Academia de la Llingua Asturiana. ISBN 978-84-8168-448-3.
- Galmés de Fuentes, Álvaro; Catalán, Diego (1960). Trabajos sobre el dominio románico leonés. Editorial Gredos. ISBN 978-84-249-3436-1.
- Linguasphere Register. 1999/2000 Edition. pp. 392. 1999.
- López-Morales, H.: “Elementos leoneses en la lengua del teatro pastoril de los siglos XV y XVI”. Actas del II Congreso Internacional de Hispanistas. Instituto Español de la Universidad de Nimega. Holanda. 1967.
- Staff, E.: "Étude sur l'ancien dialecte léonnais d'après les chartes du XIIIÈ siècle", Uppsala. 1907.
- Gessner, Emil. «Das Altleonesische: Ein Beitrag zur Kenntnis des Altspanischen».
- Hanssen, Friedrich Ludwig Christian (1896). Estudios sobre la conjugación Leonesa. Impr. Cervantes.
- Hanssen, Friedrich Ludwig Christian (1910). «Los infinitivos leoneses del Poema de Alexandre». Bulletin Hispanique (12).
- Krüger, Fritz. El dialecto de San Ciprián de Sanabria. Anejo IV de la RFE. Madrid.
- Morala Rodríguez, Jose Ramón; González-Quevedo, Roberto; Herreras, José Carlos; Borrego, Julio; Egido, María Cristina (2009). El Leonés en el Siglo XXI (Un Romance Milenario ante el Reto de su Normalización). Instituto De La Lengua Castellano Y Leones. ISBN 978-84-936383-8-2.
Ligações externas
- Héctor García Gil. Asturian-leonese: Linguistic, Sociolinguistic and Legal Aspects.
- Asturian Language Academy.
- González i Planas, Francesc. Institutum Studiorum Romanicorum «Romania Minor». The asturleonese dialects.
- Associação Cultural La Caleya
- Associação Cultural Furmientu
- Associação Cultural Faceira
-
Associação Cultural El Teixu
Língua mirandesa
O mirandês tem três subdialetos (central ou normal, setentrional ou raiano, meridional ou sendinês); os seus falantes são em maior parte bilíngues, trilíngues ou até mesmo quadrilingues falando muitos deles o mirandês, o português e o castelhano, e até por vezes o galego.
Os textos recolhidos em mirandês mostram a envolvência de traços fonéticos, sintácticos ou vocabulares das diferentes línguas; o português é mais cantado pelos mirandeses, porque é considerado língua culta, fidalga, importante.
Situação actual
Medidas de defesa
- ensino em mirandês, como opção, nas escolas do ensino básico do concelho de Miranda do Douro, desde 1986/1987, por autorização ministerial de 9 de Setembro de 1985.
- publicação de livros sobre e em mirandês, pela Câmara Municipal de Miranda do Douro.
- realização anual de um festival da canção e de um concurso literário, pela Câmara Municipal.
- uso do mirandês em festas e celebrações da cidade e, ocasionalmente, nos meios de comunicação social.
- publicação de dois volumes da série de banda desenhada Asterix.
- tradução de todas as placas toponímicas da cidade de Miranda do Douro, efectuada em 2006 pela Câmara Municipal.
- estudo por centros de investigação portugueses como o centro de linguística da Universidade de Lisboa com o projecto "Atlas Linguístico de Portugal", e a Universidade de Coimbra, com o "Inquérito Linguístico Bolêo".
- criação de uma Wikipédia em mirandês, a Biquipédia.
- disponibilização de sítios em mirandês, entre eles Photoblog e WordPress em mirandês.
Fonologia
- Manutenção de F- inicial latino: FILIU (Lat.) = FILHO (Port.)
- Evolução do grupo latino -CT- em -it-: NOCTE (Lat.) = NOITE (Port.)
- Evolução dos grupos latinos PL-, CL- e FL- em africada /tʃ/.
- Conservação dos ditongos ei e ou.
- palatização da consoante inicial L: língua = lhéngua
- manutenção das consoantes l e n em posição intervocálica: lua = lhuna, mau = malo
- palatização das consoantes duplas ll/nn/mn: castelo = castielho, ano = anho, dano = danho
- ditongação da vogal breve e em posição tónica: Ferro = fierro
Texto amostra
Mirandês: |
Leonês: |
Asturiano: |
Muitas lhénguas ténen proua de ls sous pergaminos antigos, de la lhiteratura screbida hai cientos d'anhos i de scritores hai muito afamados, hoije bandeiras dessas lhénguas. Mas outras hai que nun puoden tener proua de nada desso, cumo ye l causo de la lhéngua mirandesa. |
Muitas llinguas tien arguyu de los sous pergaminos antigos, de la lliteratura escrita hai cientos d'años y d'escritores enforma famosos; guei bandeiras d'eisas llinguas. Peru hai outras que nun pueden tenere arguyu de nada d'eisu, comu ye'l casu de la llingua mirandesa. |
Munches llingües tienen arguyu de los sos pergaminos antiguos, de la lliteratura escrito hai cientos d'años y d'escritores perfamosos, anguaño banderes d'eses llingües. Pero hai otres que nun puen tener arguyu de nada d'eso, como ye'l casu de la llingua mirandesa. |
Português: |
Castelhano: |
Muitas línguas têm orgulho dos seus pergaminhos antigos, da literatura escrita há centenas de anos e de escritores muito famosos, hoje bandeiras dessas línguas. Mas há outras que não podem ter orgulho de nada disso, como é o caso da língua mirandesa. |
Muchos idiomas tienen orgullo de sus antiguos pergaminos, de literatura escrita hace cientos de años y de escritores muy famosos, hoy banderas de esas lenguas. Pero hay otras que no pueden tener orgullo de nada de eso, como es el caso de la lengua mirandesa. |
Referências
- Sítio de L Mirandês do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa
- Licão de Mirandês: "You falo como bós i bós nun falais como you" de Manuela Barros Ferreira (CLUL)
Bibliografia
- Vasconcelos, José Leite de. Mirandês. Opúsculos, Volume IV – Filologia (Parte II), Coimbra, Imprensa da Universidade, 1929.
- Ceolin, Roberto. "Um enclave leonês na paisagem unitária da língua portuguesa"
- Sítio oficial do Governo de Portugal
- http://www.clul.ul.pt/pt/recursos/210-project-border-languages-mirandese
- Maia, Clarinda de Azevedo."Mirandês"
Ligações externas
- Biquipédia
- sendim.net - curso de língua mirandesa
- www.mirandes.net - lhéngua i cultura mirandesa
- L Mirandés: Ua Lhéngua Minoritaira an Pertual (O Mirandês: Uma Língua Minoritária em Portugal)
- Sítio de L Mirandês do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa
- La Fuolha Mirandesa: un jornal an mirandés
-
Nial de la Boubielha